22 julho 2008

PORGAL

Estas linhas são principalmente dirigidas aos Galegos e Portugueses. Também somos iguais pelas piores razões.

Retomamos a postagem no blog, que foi iniciada em 21 Setembro 2007, tendo o propósito de divulgar os autores galegos homenageados no Dia das Letras Galegas pela RAG – Real Academia Galega.

Esta pequena interrupção levou-me também a reflectir sobre o nosso compromisso desta publicação. E porquê? Porque não sabemos o interesse dos portugueses sobre os livros galegos. E quando digo livros galegos, falo só dos escritores, da língua e a escrita em galego.

Ao leitor, de livros, chegam as obras que passaram por vários circuitos como, o editor, o distribuidor e o livreiro. Sendo este último, às vezes juntamente com o escritor, o que dá visibilidade ao livro com o contacto directo a quem se destina. Não só por isso, mas deviam ser mais levados em consideração e serem audíveis, principalmente as livrarias mais pequenas, pela parte dos editores e distribuidores.

O que sabemos isso sim é que cada vez mais o livro, seja galego ou português, só tem um objectivo pela parte das editoras e distribuidoras e esse é: DINHEIRO!
O livro, para eles, como meio de divulgação, de cultura e do conhecimento, está muito abaixo do vil metal!
Para muitas entidades e poderes é de todo o Interesse manter o conhecimento e a ignorância controlada.

(O neo-liberalismo e o capitalismo despudorado, sem vergonha pairando sobre as nossas cabeças têm as suas garras bem metidas na estrutura social, principalmente as de recursos intelectuais mais débeis, levando-as ao consumo e ao pensamento formatado. Eles estão aqui, hoje, neste lugar, em todos os lugares.
O big brother e o pensamento único nunca esteve tão claro como agora).

E nós ao insistirmos, em querer ter livros de autores galegos e portugueses, talvez comece a ser ridícula.

A quem nos está a ler, para não haver dúvidas e entenderem melhor do que estamos a falar, dizemos que escrevemos em: 11, 21 de junho e 11 de setembro 2007 e 20 Junho 2008 para uma livraria / editora de Ourense. Em 12 de outubro 2007 e 20 de junho 2008 a uma grande editora de Vigo. Em 20 de junho 2008 para outra editora de Ourense. Em 21 de junho 2008 par editora perto de Vigo. E ainda uma outra de Vigo em que os mail’s não são recebidos, apesar de ter no seu site o endereço.
Sabem quantas respostas obtivémos? NENHUMA!!! Tudo isto me leva a concluir que há uma falta de ética, de diálogo e falta de honestidade intelectual.
Esta INdiferença não se entende (ou será pelo dinheiro? connosco não ganham milhões...) quando era muito simples uma resposta, mesmo curta, SIM ou NÃO!
Assim temos os grandes senhores, todos poderosos, dos livros fazendo parte e contribuindo para o pensamento de todos nós.

Mas mesmo assim vamos continuar a escrever a estes e a outros. Pode ser que haja organismos a tomarem conhecimento disto e haja também um pouco de vergonha.

O que nós sabemos é que contribuímos com uma parte, mesmo que muito pequena (mas querendo mais), para a divulgação da língua e cultura galaico-portuguesa.

O nosso passado comum da galiza norte e galiza sul deve-nos orgulhar e não pode ser apagado por ninguém e/ou outros interesses. É inevitável a nossa reaproximação, o nosso entendimento. Pode demorar algum tempo, mas quando chegar será irreversível e imparável! Então teremos a responsabilidade de juntos contribuir para um mundo melhor e justo.

Por tudo isto, não queremos o obscurantismo nem ser ridículos. SÓ QUEREMOS TER LIVROS e alguma informação! Será isto uma coisa do outro mundo?

Ver nossa postagem de: 13 de Fevereiro 2008

No ano de 1972, n’O Dia das Letras Galegas, foi homenageado:
VALENTÍN LAMAS CARVAJAL (1849-1906)

A minha aldea
Preto d’os Castros de Trelle,
N’unha frorida ribeira
Onde moitas clás de froitos
E d’álbores vexetan,
Erguense as humildes chouzas
De San Pedro de Moreiras;
Probe aldeiña onde teño
As miñas grorias d’a terra,
O niño d’os meus amores,
Os recordos que m’álentan;
N’ela vin a lus d’o dia
E pol-a noite as estrelas;
Alí pensando n’o ceo
Vertin as vágoas primeiras;
Alí miña nai amante
Arrulóume satisfeita
Ó son queixumbroso e brando
D’as cantiguiñas gallegas;
Alí, no seu Camposanto
Onde debaixo d’as erbas
Dormen ó sono d’a morte
As miñas amadas prendas,
Cantas veces eu rezaba
Pensando choroso n’elas!
Alí non hay fror nin monte
Que nos meus sonos non vexa,
Nin souto que non conoza,
Nin camiño que non sépia;
Inda escoito o son dorido
Das catro campás d’a eirexa,
Cal si falando viñesen
A contarme tristes queixas.
Ay probe aldea... aldeiña
De San Pedro de Moreiras,
Cantos sospiros me costas
E cantos ayes me levas!...

Asina dixo un coitado
Galleguiño, alá n’ América,
Cando morto de soedades
Pensaba n’a sua Aldea.
Ay! os probiños gallegos
Moito queren á sua terra...
E van morrer sin consolo
Sempre lonxe... lonxe d’ela!

(Espiñas, follas e frores, 1877)