31 março 2009

MOSTRA - Biográfica e Bibliográfica




LUÍS SEOANE LÓPEZ

Mestre, Artista Genial da Arte Galega do Séc. XX


- 30 anos da sua morte -

1 Junho 1910 - 5 Abril 1979

Vai decorrer na GaleriaGalicia a 5 de abril a 31 de maio'09

Esta Mostra pretende incentivar, aos que não conhecem Luis Seoane, a procurar e descobrir este artista maior que é uma das personalidades mais importantes da cultura galega do séc. XX.

Seoane enquanto estudante foi companheiro de escritores e pintores como Cunqueiro, o escultor Eiroa, Arturo Souto, Rafael Dieste, Arturo Cuadrado, Colmeiro, Maside..., este último foi de algum modo a sua aprendizagem estabelecendo-se uma especial sintonia e amizade entre os dois. Carlos Maside está considerado entre os percursores da renovação da arte galega do séc. XX junto a Souto e Colmeiro e mestre de artistas de gerações posteriores.
Foi também amigo de Isaac Díaz Pardo, Rafael Alberti, Cortázar, Sábato, Lorenzo Varela, María Casares, Blanco-Amor, Nuñez Búa, X. Antonio Baltar, Francisco Ayala, Carballo Calero, Lois Tobio, Sánchez Guisande, Otero Espasandin, Martinez López, Luis Pita, Francisco Ayala, entre outros.

Para melhor compreender a obra de Seoane é necessário enquadrar alguns aspectos que tiveram importância no percurso da sua formação cultural.
Com a geração “NÓS” e mais tarde os “NOVOS” podemos dizer que Seoane é a ponte geracional entre estas duas correntes.
A sua relação com a geração “NÓS”, em que o nome mais significativo era Castelao, aparece sobretudo através dos colaboradores da revista que frequentavam a imprensa de Ánxel Casal.
Posteriormente, em 1930, nasce o Movimento Renovador da Arte Galega e nomes como Carlos Maside, Manuel Colmeiro, Arturo Souto, Manuel Torres, Eiroa, Fernández Mazas e Laxeiro, são alguns dos representantes desta nova corrente conhecida como a dos “NOVOS”. Seoane, inicialmente mais afecto a Maside, Colmeiro e a Souto, e sendo um dos integrantes mais novos deste grupo, não se deterá na defesa dos seus ideais. Este grupo de artistas relevam os conceitos estéticos e ideológicos, que foram fundamentais, de um pensamento renovador que os unem.
A consciência de que existe uma tradição artística galega confirmam uma estética genuína para a Galiza, recuperando a tradição cultural e impulsionando-a com participações vanguardistas e mais universais. Havia o desejo de incorporar às vanguardas a sua luta social que não era muito diferente ao resto da Europa.
As mudanças que já se faziam sentir em Espanha, bem como as inquietudes na Europa, favoreciam o encontro de artistas e intelectuais na Galiza com a cidade de Santiago como um local de importância.
Seoane referia que era necessário adaptar a pintura galega à realidade do mundo. Tece duras críticas aos pintores que defendiam e insistiam em estéticas já ultrapassadas. Havia necessidade de rupturas, de questionar aspectos da arte e que não eram há muito postas em causa.
Castelao em 1921 ao viajar pela Europa para ver e estudar arte e Maside em 1926 em Paris, tomam contacto com as vanguardas europeias. As viagens e as estadias que fazem, são de enorme importância para os seus conhecimentos numa altura de grande criação artística. Vão transmitindo aos seus pares o que se faz de mais relevante na arte actual – o cubismo, o dadaísmo, o surrealismo o constructivismo, o futurismo...

Seoane tem uma obra vasta em várias áreas artísticas. O Desenho e a Ilustração são o essencial no conjunto da sua obra. Desde a universidade não parou de desenhar até à sua morte: apontamentos, esboços e retratos, ilustrações para textos literários, álbuns.... No Desenho Editorial que realizou para as várias editoras que fundou, situam-no como o grande renovador do grafismo argentino do pós-guerra com reconhecimento internacional.
Na Pintura ela é evolucionada desde a figuração expressionista, nos anos 40, até uma síntese formal de grande economia de planos e de forte cor. A partir de 1953 aborda o Muralismo com enormes espaços e novos materiais que provocaram a aparição de um estilo específico.
No Gravado é constante o seu trabalho desde os anos quarenta até ao fim da vida, onde Seoane descobrirá novos recursos expressivos, sobretudo com a xilografia a técnica que lhe era mais querida e com a qual ilustrou inúmeros livros.
Tem ainda uma obra significativa como Aguarelista, Jornalista, Editor, Ensaísta, Poeta, Autor Teatral, Cenógrafo e Figurinista, Poeta, Escritor, etc.
Seoane é um artista múltiplo que assimila princípios estéticos de muitas correntes sem se integrar em nenhuma. Ao observarmos as suas obras podemos ver referências ao cubismo, fauvismo, o constructivismo dos soviéticos, alusões a Picasso, Klee, Léger, Matisse, Grosz e Moore, e nas suas ideias descobrimos enunciados da Bauhaus e da escola da Gestalt, mas sem deixar de ser pintura absolutamente galega e é este o segredo da sua universalidade. Por isso podemos afirmar, que o tema geral da sua obra, é sem dúvidas, a Galiza. Está expressado em inúmeras ocasiões, verbalmente e com a linguagem artística, tanto plástica como literária. Tal como escreveu, no prólogo da publicação “Imagens da Galiza”, a minha obra está dedicada, em geral, à Galiza, sempre com o melhor de mim.
Mater Gallaecia. Na sua obra estão muito presentes o homem e os animais, mas as mulheres têm um lugar de destaque. São mulheres e mães que nunca aparecem com meninos, como não fossem reais. São símbolos da terra. Personagens anónimas que não choram nem riem, quase sempre sentadas, pensando, a conversar, trabalhando, frente ao mar, no largo duma praça..., ricas em indicativos de espaço não tendo dados emocionais que provenham directamente da personagem. Mas também estão presentes, em muitas das suas personagens, os momentos de saudade que o artista sentia. Foi ele quem mais “retratou “ e mostrou o que era de mais genuíno no povo galego.
Era um artista que tinha as preocupações do seu tempo. Preocupava-se com a situação dos emigrantes e pelas causas da emigração. Podemos dizer que a obra de Seoane fala do seu compromisso social e do comportamento humano dentro de um horizonte colectivo procurando a não elitização.
O seu trabalho cultural, constante e lúcido, a favor da Galiza é reconhecido, e compara-se ao de Castelao.

A GaleriaGalicia não pode deixar de salientar a criação em 1963 do Laboratório de Formas (LF) por Luís Seoane, Isaac Díaz Pardo e outros artistas e intelectuais galegos. Tinha como função a busca da origem das formas e a recuperação da memória histórica da Galiza.
O LF situava-se num projecto de trabalho com quatro vertentes:
Industria e Desenho – o renascimento da Cerâmica de Sargadelos
Arte – a criação do Museu Galego de Arte Contemporânea Carlos Maside
Comunicação – Edições d’OCastro
Investigação – criação do Seminário de Sargadelos, o Instituto Galego de Informação, restaurar a actividade do Seminário Estudos Galegos, e o Laboratório Geológico da Laxe da Fundação Parga Pondal.

Este artista e homem excepcional que dizia, o homem pensa porque tem mãos, morre a 5 de abril de 1979, na Corunha, quando se preparava para regressar definitivamente à Galiza.

No ano de 1994, o Dia das Letras Galegas - atribuído todos os anos a uma personalidade das letras ou das artes - é dedicado a Luis Seoane pela Real Academia Galega.

Se nos é permitido, a GaleriaGalicia vem expressar publicamente o agradecimento à Fundação Luis Seoane, e em particular a Carmela Montero, pelo apoio dado a esta Mostra, pela primeira vez realizada em Braga, sobre Seoane.

A GaleriaGalicia termina subscrevendo uma frase de Luis Seoane: Nós queremos ajudar a enriquecer o mundo com a nossa diferença.

http://www.luisseoanefund.org/

06 março 2009

EXPOSIÇÃO "anatomias"


Na GaleriaGalicia, é inaugurada amanhã, sábado 7 de março pelas 18:00h, a Exposição de Pintura da artista Lurdes Rodrigues.
A exposição estará patente até ao dia 25 de abril'09.



Maria de Lurdes Rodrigues, nasceu em Braga a 19 de Maio de 1957, licenciou--se em Artes Plásticas Pintura, pela Faculdade de Belas Artes do Porto e possui ainda uma Pós Graduação em Ensino Especial.
É professora efectiva no 3º ciclo.
É membro da Associação Cultural e Artística Milho D’Oiro, em Gavião, onde promove cursos de iniciação à pintura.
Participou em diversas exposições individuais e colectivas desde 1993 e ainda em Bienais de Arte.
Recebeu dois prémios e uma Menção Honrosa em concursos de pintura.


A influência dos vitrais está patente na pintura de Lurdes Rodrigues podendo ser observada em cada um dos quadros que compõem esta exposição.
A pintora procurou fixar na tela, pés e mãos de natureza humana, mostrando “atitudes e expressões” que reportam o observador a interpretações pessoais, criando a possibilidade de estabelecer diálogos individuais e mensagens hipotéticas. Contudo, a sua pintura possui ainda uma dinâmica e composição pictórica cujas cores multicolores induzem o observador a tentar penetrar em cada pequeno fragmento criando lugares que as telas pretendem contar.
Nesta mostra e nas “imagens retratadas”, procura passar uma mensagem de forma expressiva e independente em relação a cada quadro.